jueves, 20 de octubre de 2011

ORTIGOSA








No passado verão fui a esta bela povoação, de terras de Leiria, para poder abraçar ao meu amigo Luís.



A amabilidade, e a gentileza, deste bom amigo meu, aproximou-me às minhas raízes e fez com que pudesse abraçar certos aspectos rurais dos que me fui distanciando com o tempo. O certo é que fui muito feliz enquanto por aqui andei, convivência de horas em conversas dessas que parece que nunca tem fim…





Além da hospitalidade, no aspecto pessoal, imensurável, a divulgativa, no tom tão peculiar deste contador de historias, incomparável, que é este grande amigo meu… Cuidado, que engancha, por empolgante!...  



E que começa assim...


ORTIGOSA. Não sei a origem desta palavra.  Penso que se refere a uma área verde regada por dois ou três ribeiros e algumas fontes naturais onde corre água fresca durante todo o ano. 


Os terrenos agrícolas são muito bons e nesta várzea podiam cultivar-se belas hortas familiares.


Seria Horta “gosa” ?


Pelo passar dos anos houve algumas transformações linguísticas e poderá ter evoluído para a palavra que hoje conhecemos Ortigosa. Estes são pensamentos meus. Deixo o assunto para os entendidos e os estudiosos destas matérias.



Era uma povoação simples com características rurais e era também um lugar de passagem entre o Norte e o Sul.

As habitações eram modestas e quase todas do mesmo estilo. As divisões da casa mais importantes eram a sala e a cozinha. Os quartos, apenas dois ou três, eram pequenos. Cabia neles apenas uma cama encostada à parede. Não havia roupeiros nem guarda fatos.



 A roupa era a mesma todos os dias. Havia um dia em que vestiam a roupa domingueira para poderem lavar a que usavam diariamente.

Nas últimas décadas sofreu grandes alterações. Nasceram aqui várias empresas a nível nacional e internacional que trouxeram novas oportunidades de vida para os residentes. Vieram também muitos emigrantes na procura de trabalho e aqui se estabeleceram com as suas famílias.
Hoje o aspecto rural desapareceu. Deixaram de se ver pelos caminhos e pelos campos  os carros de bois e as carroças puxadas pelos burros. Os campos começaram a ser lavrados por tractores e as mondas manuais foram substituídas pelas químicas.  


Ouvi contar ao meu pai que nasceu em 1913, e também ele ouviu contar aos seus pais e outras pessoas mais velhas que ele, que no local onde hoje existe a Igreja, havia uma pequena capela, já dedicada a Santo Amaro, bispo da regra de São Bento.

Nessa Capela  se hospedou um padre que veio do Brasil, carregado de ouro e outros valores. Foi este padre que mandou construir a actual Igreja.
Este padre construtor era bastante activo e quando as coisas não avançavam ele então dizia que as obras têm sempre atrasos porque se há pedra não há ferro e se há cal não há trabalhadores.........havia de faltar sempre alguma coisa para que a obra não avançasse. 

Nesse tempo a povoação foi-se estendendo à volta da Igreja. Apareceram os comerciantes com as suas tabernas e os artífices com as suas oficinas. Havia ferreiros, sapateiros, costureiras e carpinteiros ali perto do centro da aldeia. 



Mais tarde, contava também o papá, que o caminho de terra batida, que ligava esta povoação às outras e que se estendia da Figueira da Foz e a Leiria foi mandado arranjar e assim andavam os homens com  carros de bois  a transportar pedra que iam deixando nas beiras laterais. Depois outros trabalhadores partiam as pedras grandes e acertavam todo o pavimento para se poder caminhar. 

Com as novas medidas deste Governo, esta freguesia está na lista das que vão desaparecer e juntar-se a outras maiores. A história faz-se todos os dias, mas nem sempre com as melhores políticas.
Obrigado amigo pela tua hospitalidade. Bem hajas.
Abraços como os que nos demos...




















miércoles, 5 de octubre de 2011

FLOR AGRESTE





Sempre foi a minha escultura preferida, uma jóia que só agora pude fotografar convenientemente, para este desfrute meu. Devido ao seu muito deambular por exposições itinerantes pelo mundo fora.


Siempre ha sido mi escultura preferida, una joya que tan solo ahora pude fotografiar convenientemente, para mi disfrute. Debido a su continuo deambular por exposiciones itinerantes alrededor del mundo.





Esteve exposta na Exposição do Palácio de Cristal em 1881, o ano em que Soares dos Reis foi nomeado professor. Sendo, então, adquirida por Maria Francisca Archer, mulher do coleccionador Nuno de Carvalho, por 250.000 reis.


Estuvo expuesta en la Exposición del Palacio de Cristal en 1881, el año en que Soares dos Reis fue nombrado profesor. Entonces fue adquirida por María Francisca Archer, esposa del coleccionador de arte Nuno de Carvalho, por 250.000 reis.





Foi vendida à Câmara Municipal do Porto em 1932. Está considerada uma das jóias da colecção municipal.


Fue vendida al Ayuntamiento de Porto en 1932. Está considerada una de las joyas  de la colección municipal.





Esta imagem aparentemente tão humilde da Flor Agreste, de cabelo em desalinho e blusa aberta, é uma prova da tendência do escultor para o retrato de criação livre, motivado por uma grande sensibilidade estética… que a mim, me comove.


Esta imagen, aparentemente tan humilde de La Flor Agreste, de pelo desaliñado y blusa abierta, es una prueba de la tendencia del escultor por el retracto de creación libre, motivado por una gran sensibilidad estética… que, a mi, me conmueve.





Embora de sabor decorativo, a Flor Agreste é ainda um retrato, de carvoeirinha sim, mas expressivo. O tratamento do cabelo, um dos aspectos no que o artista foi sempre menos feliz, tem, neste caso, uma expressão simplificada, o que nos trás à memoria  a formação clássica do seu criador.


No obstante su carácter decorativo, la Flor Agreste es aún un retrato, al carboncillo, si, más expresivo. El modo de tratar el pelo, uno de los aspectos en que el artista ha sido menos feliz, tiene, en este caso, una expresión simplificada, lo que nos demuestra la formación clásica de su creador.




Diego de Macedo disse: A Flor Agreste… representa a flor mais mimosa da escultura portuguesa.


Diego de Macedo ha dicho: La Flor Agreste… representa la flor más delicada de la escultura portuguesa.

Eu digo:
IMPOSSÍVEL!!! Não posso deixar de a contemplar… quanta ternura!...


Yo digo:

¡¡¡IMPOSIBLE!!! No puedo dejar de contemplarla … ¡cuanta ternura!...



Assinada e datada no rebordo, no lado esquerdo: "A. S. dos Reis 1881".
Tem 48 cm de altura.
Está esculpida em Mármore de Carrara.


Fechada y firmada en el reborde del lado izquierdo: “A. S. Dos Reis 1881”.

Tiene 48 centímetros de altura.

Está esculpida con mármol de Carrara.



Porto, Museu Nacional Soares dos Reis

Porto, Museo Nacional Soares dos Reis