sábado, 21 de enero de 2012

REAL MONASTERIO DE SANTA MARÍA DEL PUIG

El Real Monasterio de Santa María del Puig está situado en el municipio de El Puig, en la Comunidad Valenciana. Fue fundado por voluntad del rey Jaime I, el Conquistador, en 1240, haciendo, posteriormente, la donación a la Orden de la Merced. Su relevancia histórica se debe al hecho de que en 1237, y en aquel lugar, se libró la confrontación definitiva para la conquista de Valencia, la Batalla del Puig. La Virgen del Puig fue considerada durante siglos como la patrona del Reino de Valencia.


De esta fundación inicial, que sería una sencilla capilla, no queda ningún vestigio, a excepción de la portada de la iglesia actual, pero que no está en su ubicación original.










Este Monasterio comprende dos elementos arquitectónicos distintos: El Convento, que es la residencia de los religiosos, y el Santuario de la Patrona del Reino de Valencia; constituyendo, ambos elementos, una grandiosa mole rectangular, flanqueada por cuatro torreones. El conjunto resalta del núcleo urbano al contemplarse desde lejos.







Al santuario de Santa María de El Puig acudieron siempre las gentes valencianas en fervorosas y continuas peregrinaciones. A Santa María de El Puig rindieron pleitesía también los reyes Jaime I, Alfonso X el sabio, Pedro III el Grande, Pedro el Cruel, Felipe III y nuestros actuales monarcas D. Juan Carlos I y Doña Sofía; y ante la imagen de Santa María de El Puig humillaron sus tiaras los Papas Benedicto XIII, Calixto III y Alejandro VI, y los Arzobispos Santo Tomás de Villanueva, San Juan de Ribera, y los demás prelados valentinos, sin excepción hasta nuestros días.
La construcción del edificio, la actual, fue iniciada por el almirante don Roger de Lauria, el año 1300, y concluida a mediados del siglo XIV por su hija.


El Convento, tal y como lo vemos en la actualidad, se comenzó a construir, con la bendición de San Juan de Ribera, el día 1 de septiembre de 1588, día de la colocación de la primera piedra en los cimientos del torreón sureste. Fue su arquitecto y primer maestro de obras Antón Dexado de la Cossa.







La entrada al convento se realiza por su Portería, que se halla en la fachada Este y a la que se llega por las dos rampas de acceso.









En el primer claustro encontramos el Refectorio, la Capilla, y un Salón gótico. Además de las cuatro alas en las que se exponen numerosos cuadros de José Vergara.










En el segundo claustro encontramos la Iglesia (Templo, sacristía, camarín de la Virgen), el Salón Real y el Salón de la Orden de Caballeros de El Puig. Se puede admirar también cuadros de distintos autores (Vergara o Espinosa) y de temática religiosa.










El Real Monasterio está situado dentro del pueblo de El Puig de Santa María, (a unos 15 Km al norte de Valencia) 


Accesos:


En coche- Carretera Nacional 340 (Valencia-Barcelona)
Autopista de Levante A7(cv21), con salida en El Puig.En tren


Tren Cercanias- línea C6 (Valencia Nort-Castellón) (Estación a 15min)En autobus


Estación de autobuses de Valencia (Parada frente Real Monasterio)                 



VISITAS

De martes a sábado, visitas a las 10:00, 11:00, 12:00, 16:00 y 17:00. 


Lunes, domingos y festivos el Monasterio permanece cerrado. (Para las visitas de grupos superiores a 25 personas avisar con antelación al teléfono 648169229)







viernes, 6 de enero de 2012

A MENINA NUA



Passámos, olhámos, e até, por vezes, contemplámos, mas muitos de nós apenas sabemos que é "A MENINA NUA".

Esta estátua está situada ao fundo da Avenida dos Aliados, no Porto. Faz parte da decoração urbana e é uma obra digna de contemplar.

É uma estátua que todo o Porto conhece, mas quem é “a menina nua”? Depois de muitos anos consegui desvendar a incógnita.

Convido-vos a conhecer a Aurélia Magalhães Monteiro, a Menina Nua: uma advertência, é um relato comovente, elaborado com maestria e mestria.


Chamava-se Aurélia Magalhães Monteiro, e era conhecida por Lela, Lelinha ou pela «Ceguinha do 9» - para a eternidade ficará sempre a ser a «Menina Nua» da Av. dos Aliados, ou ainda uma estátua que toda a cidade conhece e aprecia.
Nasceu no dia 4 de Dezembro de 1910, na freguesia do Bonfim e, pouco tempo antes de falecer, dizia-me «que tinha sido uma das mulheres mais apreciadas e cobiçadas do seu tempo...».
Vivia no rés-do-chão do Bloco 9, do Bairro da Pasteleira, numa casa simples e humilde com flores a enfeitarem a entrada e a sala de jantar.
Um dia convidou-me a entrar e contou-me um pouco da história da «Menina Nua»: - «Tinha 21 anos quando fiz de modelo para o Henrique Moreira, o mestre que fez a estátua; mais tarde colocaram-me na Av. dos Aliados - que belos anos aqueles! Estive duas semanas a «posar» e ainda hoje recordo com alegria e saudade aqueles momentos de trabalho, pois posso morrer amanhã que todos ficarão a saber quem era a Lela... Além disso, nessa altura, dava-me bem com os artistas, era bonita e eles convidavam-me, andava por toda a parte, ganhei uns «cobres» com o Henrique Moreira, mas hoje... resta-me a consolação de estar ali, de costas voltadas para o Almeida Garrett e de frente para o D. Pedro IV. Perguntei-lhe, nessa altura, se não tinham existido certos problemas com a estátua, a sua nudez, por exemplo: proibições, censuras?
-«Ela respondeu-me - bem, sabe que naquela época havia certos sectores que se opunham claramente e até ficaram escandalizados com a «Menina Nua»; nós éramos muito tacanhos e veja bem que há 50 anos as ideias eram realmente diferentes, havia o Salazar, a PIDE e o povo era mais fechado, mais religioso - felizmente o mestre Henrique Moreira conseguiu «levar a água ao seu moinho», e lá fiquei de pedra e nua, assim como Deus me votou ao Mundo... (Sorriu de imediato, mostrando ainda réstias de um rosto bonito e de uma boca fina, onde rareavam já alguns dentes, vítimas do peso dos anos e das canseiras e desgraças da vida). -... Além disso, imagine uma «moçoila» no tempo «da outra senhora», a expor-se toda nua perante uns homens de tela e pincéis ou bocados de pedra, bem... era quase como ser comunista ou mulher da vida...
Fez-se uma pausa para mandarmos umas «bocas» contra o sistema do antigamente e prossegui nessa altura, perguntando-lhe: - quando e onde tinha começado a ser modelo? Antes de me responder, fica um pouco pensativa, levanta-se e encaminha-se para o seu quarto, vasculha dentro do guarda-vestidos e traz-me um amontoado de papéis e fotografias - Vá, veja lá tudo isto, diz-me: (anotei visualmente uma série de fotografias, pequenas referências, recordações e memórias da «Menina Nua»): «... De qualquer modo, e se a memória não me falha, comecei com o mestre Teixeira Lopes, na figura-modelo da rainha D. Amélia, esta estátua encontra-se actualmente no Museu com o mesmo nome, em Vila Nova de Gaia. Nessa época, tinha muita vergonha - era uma «moçoila» com 18 anos, bem feita e bonita -, a minha mãe tinha falecido e fiquei mais tarde com uma madrasta, de quem por acaso não gostava nada, por isso mudei-me para o Bonfim, para casa da minha santa avó. Que tempos... nessa altura, iniciei-me como modelo nas Belas Artes do Porto e lentamente fui-me habituando, até que fiquei mais descarada... (Levantou a cabeça, e numa reflexão interior com risos de vaidade e inconformismo), continuou:... Ah, nesse tempo, punha a cabeça dos rapazes em fogo, era bonita e não havia ninguém que não me conhecesse como a «Menina Nua». Depois passei alguns anos como modelo, andei pelo Norte, pelo Sul e até a Lourenço Marques (hoje Maputo) eu fui - fiz de modelo para vários mestres, entre eles: Acácio Lino, Joaquim Lopes, Dórdio Gomes, Sousa Caldas, Augusto Gomes, Camarinha, e os consagrados Henrique Moreira e Teixeira Lopes. Além da «Menina Nua», estou no Buçaco, no Cinema Rivoli, em Lisboa e em Moçambique... e hoje? como vê aqui estou desde os 43 anos cega, uma vida difícil de adaptação, um mundo escuro, negro. E mais negro se tornou, aquando da morte do meu marido, fiquei completamente só.
Hoje, passados alguns anos, tenho um casal a viver comigo, sempre me ajudam a pagar a renda e a «fazer-me» um pouco de companhia. Tenho umas ajudas do Centro de Dia da Terceira Idade, ligado ao Centro Social cá do bairro, onde vou almoçar e lanchar, enfim, sempre ajuda a passar o tempo e a velhice. Mas o que eu mais desejava na vida, além de mais dinheiro para viver, era dos meus ricos olhos... (algumas lágrimas correram-lhe pelas faces, enquanto se preparava para ir almoçar ao Centro...) Despedi-me dela, tentando consolá-la com frases de carinho e amizade, mas... a vida é um cão que não conhece o dono; ela despediu-se (nessa altura) com um bom dia, entrecortado com um sorriso mor gaiato, misto de Ribeira, Bonfim e Pasteleira...


Aurélia Magalhães Monteiro, a Lela, Lelinha, ou a «Ceguinha do 9», faleceu no dia 2 de Junho de 1992, com 82 anos de idade; no entanto a «Menina Nua» continua viva, fixa e eterna, ali na Av. dos Aliados, envolta nos nevoeiros citadinos, perpétua e ardente, nos dramas e vitórias deste povo.

Do livro Pasteleira City, de Raul Simões Pinto – edições pé de cabra – Fevereiro de 1994
Fotografias: Joaquín Duarte