miércoles, 31 de julio de 2019

MIGUEL HERNANDEZ


Há pouco estive em Orihuela, tendo como interesse principal fazer uma visita à casa do grande poeta espanhol Miguel Hernandez. Um pastor cuja inquietude era ler, superar-se, e com livros emprestados, que ia lendo enquanto pastava o gado, lá foi enriquecendo o seu vocabulário e formando-se como um grande escritor. 
Teve que abandonar muito cedo a escola para ajudar à economia familiar, pois eram ganadeiros. Na década dos anos trinta publicou os seus primeiros poemas em algumas revistas. 
Acabou por tomar a decisão de estabelecer-se em Madrid onde começou por colaborar em distintas publicações: como redator no prestigioso dicionário Cossio, sobre touros; e nas Missões pedagógicas de Alejandro Casona; ademais colaborava em importantes revistas espanholas de poesia. 
Escreveu vários poemas de grande êxito e, entre eles, “El rayo que no cesa”, 1936. 



Un carnívoro cuchillo
de ala dulce y homicida
sostiene un vuelo y un brillo
alrededor de mi vida.


Rayo de metal crispado 
fulgentemente caído,
picotea mi costado
y hace en él un triste nido.



Mi sien, florido balcón
de mis edades tempranas,
negra está, y mi corazón,
y mi corazón con canas.



Tal es la mala virtud
del rayo que me rodea,
que voy a mi juventud
como la luna a mi aldea.



Recojo con las pestañas
sal del alma y sal del ojo
y flores de telarañas
de mis tristezas recojo.



¿A dónde iré que no vaya
mi perdición a buscar?
Tu destino es de la playa
y mi vocación del mar.



Descansar de esta labor 
de huracán, amor o infierno
no es posible, y el dolor
me hará a mi pesar eterno.



Pero al fin podré vencerte,
ave y rayo secular,
corazón, que de la muerte
nadie ha de hacerme dudar.



Sigue, pues, sigue cuchillo,
volando, hiriendo. Algún día
se pondrá el tiempo amarillo
sobre mi fotografía.



Participou ativamente na Guerra Civil espanhola. No fim da guerra tentou ausentar-se do País e foi detido na fronteira portuguesa. Foi condenado à pena de morte, mas acabou por ser comutada com trinta anos de prisão, que não chegou a cumprir pois morreu por tuberculoses a 28 de Março de 1942, na prisão de Alicante.


Miguel Hernandez viveu nesta casa com os seus pais e irmãos entre 1914 e 1934.
Em 1981 a Câmara Municipal adquiriu-a e restaurou-a, sendo inaugurada em 1985, para poder ser visitada pelo público. 
É uma casa típica do principio do século vinte e de construção modesta.
A família dedicava-se à explotação ganadeira e a casa reunia essas características. Nela vivia toda a família. Miguel ajudava aos pais como pastor. Está decorada com os enceres que eram próprios duma casa rural, os que eles usavam, daquela época. 




















Impressionou-me o seu poema “Nanas de la cebolla”. Numa visita da sua esposa à prisão, ela diz-lhe que não tem nem para leite e tem que dar à sua filha leite de cebola e ele escreve este poema...

La cebolla es escarcha

cerrada y pobre:
escarcha de tus días
y de mis noches.
Hambre y cebolla:
hielo negro y escarcha
grande y redonda.

En la cuna del hambre

mi niño estaba.
Con sangre de cebolla
se amamantaba.
Pero tu sangre
escarchaba de azúcar,
cebolla y hambre.

Una mujer morena,

resuelta en luna,
se derrama hilo a hilo
sobre la cuna.
Ríete, niño,
que te tragas la luna
cuando es preciso.

Alondra de mi casa,

ríete mucho.
Es tu risa en los ojos
la luz del mundo.
Ríete tanto
que en el alma, al oírte,
bata el espacio.

Tu risa me hace libre,

me pone alas.
Soledades me quita,
cárcel me arranca.
Boca que vuela,
corazón que en tus labios
relampaguea.

Es tu risa la espada

más victoriosa.
Vencedor de las flores
y las alondras.
Rival del sol,
porvenir de mis huesos
y de mi amor.

La carne aleteante,

súbito el párpado,
y el niño como nunca
coloreado.
¡Cuánto jilguero
se remonta, aletea,
desde tu cuerpo!

Desperté de ser niño.

Nunca despiertes.
Triste llevo la boca.
Ríete siempre.
Siempre en la cuna,
defendiendo la risa
pluma por pluma.

Ser de vuelo tan alto,

tan extendido,
que tu carne parece
cielo cernido.
¡Si yo pudiera
remontarme al origen
de tu carrera!

Al octavo mes ríes

con cinco azahares.
Con cinco diminutas
ferocidades.
Con cinco dientes
como cinco jazmines
adolescentes.

Frontera de los besos

serán mañana,
cuando en la dentadura
sientas un arma.
Sientas un fuego
correr dientes abajo
buscando el centro.

Vuela niño en la doble

luna del pecho.
Él, triste de cebolla.
Tú, satisfecho.
No te derrumbes.
No sepas lo que pasa
ni lo que ocurre.



Os passos de peões rendem homenagem ao poeta...


E aqui a minha humilde homenagem.


C/ Miguel Hernández, 73
03300 ORIHUELA

lunes, 15 de julio de 2019

SACRA DI SAN MICHELE



Durante a minha incursão pelo Vale de Susa deparei com esta maravilha 


O caminho é sinuoso e dum subir constante, a vegetação densa, e a neblina espessa... mas belo!



Mas o que ia ficando pelo caminho tinha o seu encanto...






 

A Sacra de San Michele é um complexo arquitetónico elevado no alto do Monte Pirchiniano, no vale de Susa. É o monumento mais emblemático da Região do Piamonte. Popularmente chamam-lhe a Abadia de San Michele della Chiusa.   
Foi construído entre os anos 983 e 987 e está a uns 40 quilómetros de Turim.  








































Na capela principal do templo estão sepultados os membros da família Real dos Saboia. 





Um incêndio de grandes dimensões arrasou este mosteiro numa noite de quarta-feira. 








 Este mosteiro com essas torres que desafiam as alturas e essas vistas tão espetaculares, inspirou a Umberto Eco para o seu livro “O nome da rosa”.






O tempo melhorou e pude deleitar-me na contemplação, e lá fui fotografando...